Globalização pode ser definida
como agrupamento de interesses geopolíticos e econômicos mundiais num dado
momento da história, refletindo um mundo organizado e segundo os interesses dos
países mais poderosos, que determinam o rumo das relações internacionais. O
caráter essencialmente econômico do sistema capitalista, em seu processo
histórico de expansão na conquista de novos mercados consumidores e na produção
de uma ordem globalizada, poder ser identificada em suas três fases:
1º Fase:
Mercantilismo: A doutrina econômica do
Capitalismo comercial
A primeira fase da
globalização, período do mercantilismo como doutrina político-econômica de
caráter monopolista, teve como uma das conseqüências a expansão marítima
comercial em direção ás índias que assegurou aos colonizadores europeus
mercadorias e mercados para uma emergente classe burguesa comercial. Enquanto
as especiarias eram embarcadas para os principais portos europeus oriundas
destas “novas” terras, imigrantes atlânto-mediterrâneos navegaram além-mar,
para as Américas (o novo mundo) e Ásia consolidando o processo de domínio das
novas terras (colônias), com implantação de colônia de exploração,
apropriando-se dos metais preciosos e a introdução do sistema agrícola de
Plantaions, baseadas no latifúndio, monocultura e na relação escrava de
trabalho (negros ou índios) ou nas colônias de povoamento na América
Anglo-Saxônica, baseadas em propriedade de exploração familiar para atender as
necessidades da colônia e principalmente da metrópole.
2º Fase:
Liberalismo: A doutrina
econômica do Capitalismo Industrial
Na Europa, a Inglaterra
passava por um conjunto de transformações políticas, econômicas e de
desenvolvimento de novas tecnologias que foram completadas no século XVIII,
isto estabeleceu o fim da fase mercantilista e absolutista da globalização.
Pós-Reino Unido esta fase ocorreu em outros países europeus como a Alemanha,
França Itália e os países Baixos. As novas máquinas e equipamentos foram
utilizados nos transportes, ferroviário e marítimo, neste processo, novas
fontes de energia impulsionaram a capacidade de produção e o “casamento entre o
capital industrial e financeiro. No século XIX e na primeira metade de século
XX, as metrópoles européias, para atender os interesses da burguesia
industrial-financeira. Adotam uma política imperialista com o neocolonialismo
na África, Ásia e Oceania (Austrália e Nova Zelândia). A busca pela hegemonia
mundial, o interesse econômico divergentes entre as metrópoles européias e o
surgimento de novas potencia imperialistas na Ásia (Japão) e na América do
Norte (Estados Unidos da América) levaram a conflitos de abrangência global: a
primeira e segunda guerra em um mundo de organização espacial ainda multipolar.
3º Fase:
Neoliberalismo: A doutrina
econômica da atual globalização
Com o fim da segunda
guerra mundial, no período entre 1947 a 1989, o mundo passa a ser organizado
espacialmente numa bipolaridade, que expõem o antagonismo econômico entre o
capitalismo e o socialismo capitaneados pelas as duas potências que emergiram
vencedoras deste conflito mundial: A União de Repúblicas Socialista Soviética
(Socialista) e os Estados Unidos da América (Capitalista). Neste
tempo-histórico ocorreram grandes avanços tecnológicos que possibilitaram
várias conquistas: Espaciais - “A terra é azul”, disse Yuri Gagari - o primeiro
homem a viajar ao espaço e Militares com a tecnologia nuclear em diversas áreas
do conhecimento. Essas tecnologias, inicialmente de uso militar, passaram a ser
utilizado pelas diversas atividades industriais ao longo da bipolaridade pelas
economias capitalistas, o que não ocorreu com os países socialista sendo uma
das causas que levaram à crise e ao fim das economias socialistas ao longo dos
anos 80 e 90 do século passado
Os acontecimentos que
marcaram o fim da bipolaridade como a glasnost e a Perestróica, adotada por
Mikhail Gorbachev na URSS desde 1986, a derrubada do Muro de Berlim ocorrida em
1989, acompanhada da reunificação da Alemanha em 1990, o fim do pacto de
Varsóvia e em seguida o esfacelamento da URSS em 25/12/1991 estabeleceu a
vitória do capitalismo e de seu representante maior, os Estados Unidos da
América. A China, outro representante comunista, de Deng xiaoping, por sua vez,
adotou reformas visando à modernização de sua economia – O Socialismo de
Mercado - criando as ZEE”s para atrair capitais transnacionais. Esta política
de Deng Xiaoping de conciliar o investimento capitalista com o monopólio do
Partido Comunista esvazia-se do ponto de vista ideológico e desde então só
restou a hegemonia do sistema capitalista, não havendo nenhuma outra barreira à
globalização capitalista, que na atual fase caracteriza-se pela maior
integração das economias (objetivo principal) tendo as multinacionais, as
“inventoras” da nova globalização como o principal agente organizador do espaço
mundial de produção e consumo.
A globalização recente se
faz pela utilização das tecnologias de ponta (satélites, computadores,
Internet...) com a mecanização e automação a capacidade de produção mundial
cresceu e o desenvolvimento dos meios de transporte, que transporta cada vez
mais e cada vez mais rápido, possibilitou o crescimento do consumo em escala
global e o padrão de vida das pessoas melhoram em diversas regiões do mundo -
apresentando índices diferenciados de melhoria - na saúde, educação, habitação
e alimentação. Infelizmente o domínio da tecnologia pelo grupo de países ricos
do Norte (G-7), ampliou a desigualdade tecnológica regional, que é imensa entre
os países centrais e os periféricos. O Brasil (periférico) em função de seu
processo histórico de formação está atrasado pelos menos 100 com relação aos
países centrais como EUA, Japão, Alemanha, França...
A Globalização capitalista
vem criando mecanismo de expansão que enfraquece os estados-nacionais, com a
criação de órgãos supranacionais que gradativamente substitui os governos em
suas diversas funções. Com a formação dos blocos regionais ou intercontinentais
(Nafta, UE, Cei, Unasul, Can, Apec...), e com a maior interdependência entre
países e blocos (mercados) assentam-se as bases para os futuros governos
transnacionais, como acontece hoje na União Européia, que está se organizando
em uma federação de Estado, com o processo de ratificação da constituição para
a Europa (aprovada pelo Parlamento europeu em 2005). Não é impossível, pois já
estamos no caminho em que os governos nacionais darão vazão a governos globais
e, individualmente você ser um cidadão do mundo.